06 março 2005

Pátria e princípios

Será que o comportamento das pessoas muda quando elas passam a morar em outras terras? Depois de quanto tempo incorporamos, no meu caso, o “jeito sueco” de ser? Na verdade, gostaria de discutir se é positivo ou não, necessário ou não, incorporar os hábitos de outros povos só porque você passou a viver em outro país.

Há características boas e ruins nisso tudo. Mas será que até as características ruins, que não devem ser absorvidas acabam se inpondo e a gente aceita? Bom, acho interessante copiar o que é saudável, bom e verdadeiro, mas às vezes acho que algumas pessoas acabam, talvez não por vontade própria, mas por conta de certas influências, sendo tomadas pela parte ruim da aculturação.

Experiências pesoais e de amigos mostram que algumas pessoas invertem seus valores, tratam com desrespeito e preconceito os seus compatriotas após terem vivido anos e anos fora do Brasil. Lembrem-se é apenas o que eu vivenciei e o que já me contaram. Na verdade, a eventual falta de caráter e tato no trato com as pessoas, deve ter mais a ver com a personalidade do indivíduo, sendo ele brasileiro ou panamenho, do que com o meio aonde se vive. Fica aí uma sugestão de pensamento!

De um modo geral, quando se vive em outro país, é possível provar coisas novas, fazer uma vida diferente, ousar, enfim, as portas se abrem para as boas e más ações e mudanças.
Falando nisso, outro dia encontrei uma colega de escola, que estudou no mesmo curso de sueco que eu logo quando vim morar aqui. Ela é muçulmana e vem do Afeganistão.

Na Suécia tem gente de todo canto, principalmente pessoas que vem de países em guerra e de maioria muçulmana. Bom, na época do curso ela usava o “véu muçulmano”, característico da religião, mas que dependendo da educação, da cultura, do marido e outros fatores, nem todas as mulheres muçulmanas usam. Não vou me aprofundar muito no tema, senão vira assunto para outro post.

Essa garota, que vou chamar de Sara, sempre usou o véu. Outro dia, após mais de uns seis meses sem contato, nos encontramos no corredor da universidade e eu quase não a reconheci: estava sem o véu. Mostrava o cabelo, estava maquiada e usando roupas modernas e coloridas. Estava bonita e doce como sempre, mas visivelmente mais feliz. Aposto que ela sempre quis que os outros a vissem assim! Se a atitude dela é vista como certa ou errada no mundo muçulmano, não vou entrar no mérito, mas foi primeira vez que a vi relmente com um brilho extra no olhar.

Uma nova terra pode mudar alguém, pode transformar. Mas é bom ficar sempre de olho no que é bom preservar, no que carregamos toda a vida e aprendemos que é certo e deve ser guardado. Tem princípios que a nossa alma pede para serem seguidos, por questão de cultura, educação, wherever. É bom obedecer esse sinal que vem da alma, se ele indicar coisas boas e produtivas, é claro!

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