29 outubro 2008


Minha.
De mais ninguém.
De todo mundo.
Crianca temperamental, barulhenta, imprevisível.
Cestos, brinquedos, pelúcias e livrinhos.
Me leva, me nina, me ensina brincadeiras e me faz serena.
Ela, meu caminho de docura, angústia, menina minha.

5 anos de Suécia


Há 5 anos atrás cheguei aqui de malas cheias, coracão aberto e grandes expectativas. Hoje, as malas estão vazias. O coracão continua aberto. E as expectativas estão de pés no chão. Não sou mais a mesma, mas ainda sei quem sou. E esse é um sentimento fantástico. Saber quem se é quando o mundo que te faz segura desaparece, é um grande ofício.


Dentro de mim, uma mulher de mais garra. Alguém que sabe que sobrevive às maiores e mais bravas tempestades. A saudade do meu país ainda me traz lágrimas aos olhos, mas o desespero de não reconhecer as ruas suecas como minhas ruas paulistanas, sumiu. Mudar de casa, de cidade, de país, é crescer e descobrir que a gente sobrevive. O que faz de um lugar a sua casa é a sua essência interna. Às vezes, ou melhor, com bastante frequência, sinto que preciso lutar prá manter alguns pontos de vista, preservar algumas verdades. Sinto que o meu ”Mundo Sueco” tenta me adestrar, tirar de mim isso que chamo de essência interna. Não deixo! Brigo, bato o pé e me faco de difícil. Sou quem quero ser e não importa em que mundo eu viva. Rebeldia? Não, necessidade de não me perder dentro de mim mesma.


Cinco anos é muito tempo de Suécia. Dois anos sem colocar os pés no Brasil, também. Aprendo todos os dias que tanto a Suécia quanto o Brasil são terras boas e ruins. E que essas duas terras são minhas casas. Já pensei e disse em voz alta: Não gosto da Suécia. Mas percebi que não seria mais fácil aprender a gostar se me fechasse para a nova vida que ela, a Suécia, tem prá me oferecer. Gostar do Brasil 100% também não é das tarefas a mais fácil. Tenho duas pátrias, dois dilemas e dois passaportes na gaveta.
Foto: uma das belas tardes do outono sueco