31 outubro 2005


Como bem escreveu a Denise, do Síndrome de Estocolmo, somos mesmo seres que já nascem com uma bagagem cheia de culpas, né? Prá não fugir à regra, é claro que eu também sou assim! Culpa, essa maldita!

Quem mora no exterior, além da “colecão de culpas básicas”, tem que carregar a culpa de estar longe da família, se sentir mal quando alguma coisa acontece com eles e não estamos presentes para apoiar e coisa e tal. Semana passada me senti assim.

Meu tio Renato, aquele sobre o qual escrevi outro dia, faleceu e eu, naturalmente, fiquei muito triste, mas não pude estar ao lado da família. A minha mãe, que ficou de visitá-lo na mesma semana da morte, não teve tempo e se culpou por não ter tido tempo.

A gente sempre quer ter tempo prá visitar as pessoas que amamos, estudar, progredir, trabalhar, ficar ao lado do marido, treinar, enfim, são mil e uma atividades o tempo todo. É claro que não temos tempo, é claro que nos culpamos por não termos tempo.

Culpa por ter discutido ou calado. Culpa por não ter lutado pelos nossos direitos, culpa por ter deixado escapar aquela chance, aquele momento….culpa!

Como bem sugeriu a Denise…que tal queimar toda essa culpa do dia-a-dia e comecar vidinha nova? Mesmo que seja impossível transformar todas essas nossas culpas em cinzas, seria legal dar um jeito de exorcizar as mais cabeludas, não acham?

Imagem: O grito, Edvard Munch