14 setembro 2004

Dúvidas, decisões, relógio interior

Será que a vida de quem não pensa demais na vida é mais fácil? Talvez o grande segredo de tudo é viver a vida de forma leve e despreocupada, aproveitando bastante os dias, aceitando tudo de forma natural e sem grandes preocupacões.

Às vezes acho que eu sou uma pessoa bastante preocupada com tudo, parece que quero “salvar” o mundo ou pelo menos, a minha própria vida. Quero ter tempo de fazer tudo, de conhecer muitos países, de me tornar sempre um ser humano melhor e mais comprensivo, de ajudar o próximo, de ter filhos e vê-los crescer, de ver a satisfacão da minha mãe em poder dizer que já é avó, de um dia poder morar com o Jonas no Brasil, mil coisas!

Será que a gente se pressiona demais ou é a vida que nos empurra? Na verdade acho que com o passar dos anos, ao invés de irmos relaxando e tentando aceitar melhor os acontecimentos da vida, vamos nos pressionando ainda mais e querendo fazer e vivenciar tudo o mais rápido possível.

Ultimamente o meu instinto materno tem batido à porta...pois é, já estou com 28 anos e ainda não tive filhos. Mas ao mesmo tempo, sinto que para ter filhos é necessário lutar por uma estabilidade financeira maior e me sentir mais inserida na sociedade sueca, ou seja, arranjar um emprego, agora que a barreira do idioma já foi quebrada.

Mas ao mesmo tempo, olho para trá e percebo que o trabalho foi o meu ópio a vida inteira, sempre fui workaholik. Sempre coloquei o trabalho na frente de tudo, até porque sempre tive muito amor à minha profissão. É claro que uma coisa não exclui a outra. Acho perfeitamente possível trabalhar fora e ao mesmo tempo construir uma família.

Na verdade, com todas essas mudanças que aconteceram na minha vida nos últimos tempos, não tive muito tempo para pensar em filhos. Mas, na verdade, qual é a hora certa de ter filhos? A gente sempre planeja demais, quer juntar dinheiro, achar a “pessoa certa” prá nossa vida, investir em bens materiais, ter um bom trabalho, emfim. Acho que pela primeira vez na vida, estou me sentindo mais preparada para pensar no assunto maternidade!

Deve ser uma sensação indescritível a de olhar para a carinha de um bebê que a gente sabe que é nosso, né?
A gente costuma comprar roupinhas, brinquedos, olhar preços de artigos infantis, mas eu sempre acho que ainda não é a tal da “hora certa”. Bom, espero poder amadurecer ainda mais essa idéia e criar coragem de me tornar mãe!



12 setembro 2004

Filosofando em sueco...

Outro dia me deparei com uma situacão meio estranha: fiquei, literalmente, num mato sem cachorro. Bom, vou explicar melhor...fui chamada para fazer um curso em que o assunto principal é " Mercado de trabalho".

Na verdade o curso oferece a possibilidade de entrar em contato com empresas suecas que nos visitam e precisam de empregados em determidas áreas e/ou, nós, alunos, ficamos responsáveis por encontrar empresas interessantes e que tenham a ver com o nosso perfil profissional e contatá-las.

O curso é bem interessante, já tive palestras sobre a União Européia; Leis Trabalhista; Comunicacão Cultural; Como lidar com conflitos no trabalho, emfim. Na semana passada tivemos uma palestra sobre Técnicas de apresentacão. Foi super interessante e foi a primeira vez que tive que falar em sueco para uma platéia de mais ou menos 20 pessoas. Até agora não sei como consegui, as minhas mãos estavam geladas e as minhas pernas tremiam!

Todas as pessoas do curso teriam que fazer uma apresentacão, contando um fato curioso ocorrido na infância e depois algo que nos fazia sentir orgulho de nós mesmos. Algumas pessoas, de tão travadas que ficaram, decidiram não se apresentar. Após cada apresentacão, a palestrante fazia uma análise sobre pontos positivos e negativos de cada um. Foi bem legal, apesar do nervosismo. Se já fico nervosa quando tenho que falar em português para muita gente, imaginem em sueco...valeu a experiência!