01 maio 2006

Formigas na cabeça




Pois é…tava refletindo sobre o post anterior e o que li nos comments e acho que talvez seja uma questão de tempo se acostumar com os termos! Não gosto do termo “novo sueco” porque não tenho a necessidade de me sentir sueca. Isso não tem nada a ver com cidadania sueca, passaporte e outras burocracias!


O termo parece uma tentativa forcada, e ao mesmo tempo válida, de inserir o estrangeiro na sociedade sueca, fazer com que os estrangeiros se sintam um pouco suecos. Talvez eu me perturbe com o termo pelo fato de não me acoplar a ele, de não achar necessário me ver como “nova sueca” para me sentir parte da sociedade sueca.

Acho normal que os filhos de estrangeiros, que vieram para cá pequenos, sejam chamados de novos suecos. Afinal a Suécia tornou-se a pátria deles desde cedo.
Mas quando alguém se refere à mim como “nova sueca”, acho meio ridículo! Eu sou brasileira e pronto…
Tenho certeza de que não há qualquer pensamentos negativo ou preconceituoso com relacão a esse termo. O fato é que eu me sinto mais confortável ao ser chamada de estrangeira!

Mas ao mesmo tempo, se eu viajar nas histórias do meu escritor greco-sueco favorito, Theodor Kallifatides, sou levada a pensar da seguinte forma: quantos anos é necessário para um estrangeiro deixar de ser estrangeiro? A gente mede isso em anos ou em sentimento? Talvez um estrangeiro que tenha morado à vida inteira na Suécia se sinta mais sueco do que um sueco nascido nessa terra. O que dizer? Com o apoio de uma expressão sueca, diria que Kallifatides coloca "formigas na miha cabeca", me ativa os pensamentos! E eu adoro isso!

* este post estava mais longo, mas deu um piripaque qualquer na máquina e perdi uma parte…vou continuar a discutir o assunto em breve!


Foto: Theodor Kallifatides