Escrevi os 3 textos abaixo para o portal G1, da Globo.com, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, de um tempinho atrás. Como esses temas são sempre atuais, resolvi publicá-los aqui no blog. Aliás, todo dia é dia da mulher, né? Ou deveria ser...
Na cidade onde moro, na Suécia, há aproximadamente 120 mil habitantes! Dentre os estrangeiros, estão mulheres de várias nacionalidades, raças e religiões. O que une essas estrangeiras no mesmo país e na mesma cidade são, na maioria das vezes, histórias de amor ou histórias de guerra. O medo de não ser aceito na sociedade sueca, segrega tanto mulheres quanto homens estrangeiros.
No caso das mulheres, principalmente às que vêm do Oriente Médio e países africanos, são sempre vistas na companhia de outras mulheres dos mesmos países. O que gera uma grande dificuldade na hora de aprender o idioma sueco, imprescindível para a entrada no mercado de trabalho e conquista de novas amizades e contatos sociais importantes.
As suecas? São mulheres independentes, que há anos lutam pela igualdade de oportunidades dos sexos e que se saem muito bem nessa empreitada. Mas é claro, com relação ao mercado de trabalho, os salários, em vários setores, estão londe de chegar ao tão sonhado nível de igualdade.
Mas questões como licença-maternidade representam uma grande conquista para a mulher na Suécia, país em que esse benefício pode chegar a 1 ano e meio. Lembrando que a mulher tem o direito de dividir esse direito com o companheiro, caso queira. As leis suecas reconhecem a importância, tanto do pai quanto da mãe na vida da criança nos primeiros anos de vida.
Falando sobre outro assunto e de um ponto de vista mais latino da coisa, o “ruim” dessa busca constante de igualdade dos sexos faz com que os homens suecos passem a “evitar” o cavalheirismo em certas atitudes, pensando que a mulher vá interpretar um ato de cavalheirismo como uma tentativa de subjugá-la, de vê-la como sexo frágil.
Já percebi que atos que nós, brasileiras, vemos como gentileza e até incentivamos nos nossos parceiros, como o fato de abrir a porta para que entremos primeiro, não existem ou não são incentivados entre os suecos.
No campo profissional, as mulheres, são, como no Brasil, a maioria nos setores da saúde e educação. Apesar da sociedade sueca ser uma sociedade livre para homens e mulheres, há mulheres estrangeiras, a maioria vinda de sociedades mais rígidas, que continuam vivendo sob o total controle do marido, da família, da religião e dos hábitos comuns de seus países de origem. Outras, aproveitam a vida numa sociedade livre para quebrar estigmas e tabus, e renascerem!
Conheco uma muçulmana do Afeganistão, a qual vou chamar de Latifha, que serve como um típico exemplo desse “renascimento” ao qual me referi. Latifha usava o véu muçulmano, era tímida, mal olhava diretamente nos olhos quando falava com alguém. Muito aplicada nos estudos da língua sueca, decidiu que queria, de qualquer maneira, arranjar emprego. E contava com o total apoio do marido, também afegão, para concretizar esse plano.
Após dois anos sem nos vermos, encontro uma nova Latifha na rua: sem o véu, com maquiagem e roupas européias - que sempre disse querer usar - e empregada! Era uma outra luz no mesmo tímido olhar afegão!
Créditos: Globo.com (portal G1)